O sabiá (Victor Chaves)
Escuta essa mistura de notas claras, em harmônica escala, sem igual.
No ar, uma tesoura esvoaçante a retalhar o tecido aéreo.
Em terra, altivo e saltitante, transita por sobre as folhas, marejando bichinhos e fitando o redor. Seu peito, em brasa branda, parece adornar um coração em chamas que nunca adormece: coração de cantador que descanteia o início do dia, da noite, do amor.
Sou fã do sabiá. Entre poucos, sabe, o sabiá, quebrar o silêncio sem avarias. Talvez, porque, por ironia, seja ele, tão fã do silêncio, quanto eu de seu canto.
Por vezes, ouvem-se seus silvos, dosados, quase cansados, como que se, por nova matiz, ao invés de cantar, desse cor a um raro outro tipo de silêncio: o silêncio das matas. Tímido e ressabiado, ao menor ruído, o sabiá se cala.
Então, quando ele canta, emudeço-me e fico, de onde estiver, embasbacado, apreciando em silêncio, os versos inescritos de um poeta cantador que faz lembrar, na cidade, o que fora ela em tempos de outrora: mata.
Sou fã do sabiá. Entre poucos, sabe, o sabiá, quebrar o silêncio sem avarias. Talvez, porque, por ironia, seja ele, tão fã do silêncio, quanto eu de seu canto.
Por vezes, ouvem-se seus silvos, dosados, quase cansados, como que se, por nova matiz, ao invés de cantar, desse cor a um raro outro tipo de silêncio: o silêncio das matas. Tímido e ressabiado, ao menor ruído, o sabiá se cala.
Então, quando ele canta, emudeço-me e fico, de onde estiver, embasbacado, apreciando em silêncio, os versos inescritos de um poeta cantador que faz lembrar, na cidade, o que fora ela em tempos de outrora: mata.
FONTE: Instagram @vcoficial
Nenhum comentário:
Postar um comentário