Por Malu Marcoccia
Victor & Leo desembarcam pela terceira vez este ano no ABC repetindo o fenômeno de bilheteria esgotada antecipadamente. Nesta quinta-feira (18), a partir das 20h, vão animar cerca de 2 mil pessoas no jantar-show de aniversário do Restaurante São Judas Tadeu Demarchi, em São Bernardo, onde apresentarão o novo CD “Ao Vivo em Floripa” gravado em março em Santa Catarina.
Em entrevista ao Repórter Diário, eles se dizem mais maduros após o deslumbramento com a fama que veio há apenas cinco anos e definem o novo trabalho como uma celebração à boa música. O mais recente álbum foi ao extremo do mix de gêneros, juntando espécies como os sertanejos Chitãozinho & Xororó, os roqueiros Nando Reis e Haroldo Ferretti (do Skank), além do pagodeiro Thiaguinho.
Reunir essa constelação não é coisa de principiantes. É efeito do que V&L definem como misto de mérito com responsabilidade, alcançado numa carreira que parece não caber nos 20 anos que celebram juntos em 2012. Já são 10 CDs e três DVDs ao vivo, além de dois DVDs documentários. Calculam ter arrastado mais de 13 milhões de espectadores, de 2007 a 2011, em busca do “sertanejo renovado” que rotula as canções desses irmãos mineiros que cantaram na noite de Belo Horizonte e de São Paulo por quase 15 anos antes de despontarem.
Prova de que o público gostou da nova turnê que será mostrada em São Bernardo é que o novo CD de 17 faixas conquistou Disco de Ouro ainda na pré-venda e atingiu em agosto, em menos de um mês de lançamento, 40 mil unidades. O DVD de 25 faixas vendeu 20 mil edições antes de ir às lojas, além de levar Disco de Platina. A faixa tema “Não me perdoei” ficou na estreia entre as 10 músicas mais pedidas nas rádios. Victor Chaves, como sempre, assina a maioria das composições e não gosta quando dizem que ele é o homem só das “Borboletas”. Leo já manifestou desagrado com os rumos desse mercado. Do ineditismo do sertanejo universitário há poucos anos, chegou-se à enorme oferta atual de duplas que mesclam sertanejo com funk, com tchu e com tcha, repletos de conteúdo erotizado. V&L chegaram a comparar à mistura de café com gasolina. Depois contemporizaram: “Pode misturar, mas desde que preserve a essência e haja originalidade”.
RD – Como tem sido a receptividade ao novo trabalho? O público gostou da mistura de convidados dividindo o palco e cantando desde forró com Thiaguinho até pop reggae de Nando Reis e a baianidade de Pepeu Gomes?
V&L – É mais uma celebração à música brasileira. Pegamos pontos importantes dos 20 anos de carreira e fizemos uma homenagem a alguns dos personagens que marcaram nossa trajetória. Talvez aí esteja um dos segredos do sucesso. Beber de diversas fontes e transformar o palco em celebração à boa música. O CD retrata bem a essência das nossas referências, que trafegam do sertanejo de raiz ao folk, ao rock e blues.
RD – Em que fase vocês estão na vida profissional? Depois dos primeiros anos de deslumbramento com a fama e quantidade desvairada de shows, consideram-se mais maduros e em busca de algo mais raro no meio artístico, como prestígio e respeito?
V&L - Cremos que sim. Num primeiro momento, a curiosidade é um fator que leva muitas pessoas ao seu show. Depois será visto se gostaram do que viram, quando voltam outras vezes por pura identificação. Isso representa um misto de mérito com responsabilidade, já que em nossos shows há pessoas de todas as idades e gostos. Não trocaria nosso atual momento artístico por nenhum outro que tivemos, cada um a seu tempo e degrau.
RD - Pela terceira vez vocês estão sendo indicados a um Grammy Latino. Isso estimula a pensar mais solidamente uma carreira internacional?
V&L - Não necessariamente. Mas certamente é um estímulo à nossa arte, no sentido de continuarmos féis à nossa intuição e referências a cada novo trabalho.
RD – Enquanto vivem a essência artística de compor e cantar, vocês também se aventuram em outra frente que é produzir e empresariar a carreira. Essa múltipla condição não tira o foco? É um pouco de insegurança profissional ou é autossuficiência mesmo?
V&L - Isso está diretamente ligado ao fato de querermos sempre melhorar, evoluir a cada disco, e para isso tem que ter o dedo da gente em tudo. Não só gostamos como achamos importante imprimir nossa essência nos trabalhos. Faz parte da característica da dupla, que é ser original. Mas hoje temos cada vez menos tempo de fazer tudo. Não sabemos se vamos continuar com os arranjos, as produções. Até hoje fizemos, mesmo com agenda lotada.
RD – Victor, você é autor de um dos hinos do pop romântico, “Borboletas”, invariavelmente solicitado em toda apresentação. É gratificante ou uma maçada ser carimbado com uma só canção quando se tem repertório tão vasto e criativo?
V&L - Não despontamos com um hit apenas. A partir de meados de 2006, várias canções, ao mesmo tempo, ocuparam as primeiras posições em emissoras de rádio do País. Basta ir a um show para conferir o público cantando todo o repertório, com destaque para “Fotos”, “Tem que Ser Você”, “Fada”, “Vida Boa”, “Sinto Falta de Você”, “Amigo Apaixonado”, “Lembranças de Amor”, "Borboletas", "Deus e Eu no Sertão" e "Nada Normal". Só aparecemos em programas de TV nacionais quando a maioria das pessoas já conhecia nossas canções.
FONTE: RD - REPÓRTER DIÁRIO.
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