Nos últimos 15 anos, a indústria
musical passou por radicais transformações. A forma de consumir música mudou,
as gravadoras diminuíram sua importância no processo de gravação e divulgação
de discos e as plataformas digitais crescem constantemente. A produção de shows
também ficou mais organizada e profissional no Brasil. E, claro, os gostos dos
consumidores de música mudaram severamente.
Segundo pesquisa realizada pela
Crowley nos últimos 14 anos o sertanejo foi o gênero que mais ganhou
notoriedade na execução em rádios, enquanto a MPB se transformou num dos
gêneros menos ouvidos no país. Para se ter uma ideia da discrepância, enquanto
músicas sertanejas, no ano passado, foram executadas 838 mil vezes (nas
emissoras auditadas pela empresa), a MPB teve menos de seis mil execuções. E o
rock, cuja percepção é a de ser um estilo com pouco espaço na mídia, ainda
garante uma honrosa quarta posição entre os estilos mais tocados (41 mil
execuções), atrás do pop nacional e internacional (220 mil) e samba/pagode (160
mil) – números de 2013.
Apesar de focado apenas em
rádios, o levantamento pode ser utilizado como parâmetro seguro para determinar
a importância de gêneros e artistas no mercado nacional. Afinal, é
principalmente através dessa mídia que a maioria dos consumidores toma
conhecimento dos lançamentos e cria vínculo com seus ídolos.
ASCENSÃO E QUEDA
Não é novidade que o sertanejo
dominou as paradas de sucesso nos últimos anos. Porém, o que poucos sabem é que
a predominância do estilo nas rádios é muito maior que o imaginado. Hoje, 60%
da programação das AMs e FMs é basicamente sertaneja. Todos os demais estilos
somados garantem a fatia restante de espaço nas emissoras. Em 2013, foram 838
mil execuções de faixas sertanejas contra 625 mil dos gêneros restantes.
É algo bastante representativo.
Em raros mercados, observa-se tamanho domínio de determinado estilo musical.
Não à toa, quase todas as cidades do país contam anualmente com pelo menos uma
grande festa, feira ou festival sertanejo. Se prestarmos atenção na programação
de milhares de emissoras não medidas pela Crowley, sobretudo no interior,
observaremos que gêneros mais elitizados, como MPB, praticamente não são
executados. Como reflexo, não há demanda nessas cidades para shows de nomes que
não façam a linha mais popular.
Ainda de acordo com a empresa de
monitoramento, na segunda posição do ranking está o gênero pop (singles
nacionais e internacionais). No ano passado, foram 325 mil execuções nas rádios
Crowley. O estilo, porém, já liderou o ranking em várias ocasiões. Em 1999,
quando começou o monitoramento da empresa, esse gênero garantia a segunda
posição, atrás apenas do pagode. Nos três anos seguintes, porém, ficou na
dianteira da lista, feito que voltou a se repetir em 2006, 2007 e 2008. De 2009
em diante, o sertanejo aparece dominando as paradas.
O levantamento da Crowley inclui
também os artistas mais tocados dos últimos 14 anos. No topo da lista está a
dupla Bruno & Marrone, que tocou quase meio milhão de vezes nas rádios
brasileiras desde 1999. Impossível ter vivido os últimos anos no Brasil sem ter
ouvido um sucesso sequer da dupla. Em seguida, aparecem Zezé Di Camargo &
Luciano, Leonardo e Daniel – comprovando que, apesar de décadas de estrada,
ainda continuam entre os preferidos do público e das rádios. Exaltasamba (7º),
Sorriso Maroto (8º) e Belo (10º) demonstram a força que o pagode ainda tem.
Ivete Sangalo (5ª colocada) representa as mulheres e o axé entre os 10 mais bem
posicionados. E Luan Santana (6º) e Victor & Leo (9º) representam a nova
geração da música sertaneja. Caso tivessem o mesmo tempo de carreira dos cinco primeiros mais ouvidos nas rádios, é provável que estivessem melhor ranqueados.
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