Por Amanda Fernandes
Dupla apresenta em JF o DVD "Ao Vivo em Floripa"
'Não seguimos tendências'
O sertão foi para a praia, mas
permaneceu com os pés e a alma enraizados em letras e espírito. Com o
recém-lançado "Ao vivo em Floripa", Victor & Leo chegam à cidade
para show no La Rocca, a partir das 22h. A noite tem ainda apresentação da
dupla João Neto & Frederico e do DJ Mister Jam. "Ao vivo em
Floripa" é o terceiro DVD e décimo CD na carreira da dupla, que já soma 20
anos de carreira. O começo foi na pequena Abre Campo, no interior de Minas. Os
caminhos da vida os levaram para Belo Horizonte e São Paulo, onde estouraram.
"De repente estávamos ali, eu e meu irmão, ao vivo na magnífica
Florianópolis. E entre luzes e sons, plateia impecável e artistas
espetaculares, tudo simplesmente aconteceu. Não vi começar e não percebi o
final", conta Victor.
Tribuna - Como congregar tantas
influências e continuar com o sertanejo de raiz?
Leo - É uma mistura. Além da
música de raiz, temos canções com pegada mais rock, que é uma influência muito
forte nossa. Eu adoro rock'n'roll, R&B, folk, blues. O Victor tem uma
referência forte com o blues. Ao mesmo tempo em que estou lá na fazenda ouvindo
Trio Parada Dura, Sérgio Reis, Almir Sater, Chitãozinho & Xororó,
Milionário & José Rico, estou no meu carro curtindo Guns N' Roses, Eagles.
- No último DVD, 'Ao vivo em
Floripa', vocês assinam a produção e direção artística. Como foi exercer esta
função? Em que isso contribuiu para o resultado final do trabalho?
Leo - Hoje nós temos um pouco
menos de tempo para isso. Eu não sei se vamos continuar fazendo sempre as
produções, os arranjos, não sei como vai ser daqui para frente, mas até hoje
nós fizemos questão de fazer tudo. Mesmo com a agenda corrida e os compromissos,
nós entramos em estúdio para fazer. Eu acho que isso está diretamente ligado à
característica principal da dupla, que é ser original. Nós não nos ligamos
muito nas tendências. Temos um pouquinho de razão, de emoção, mas eu acho que o
fator mais importante não é isso, é aquilo que nos emociona e a originalidade.
Temos uma vontade de inovar cada vez mais. A cada trabalho que fazemos,
queremos fazer diferente do que está rolando e do anterior. Isso está
diretamente ligado ao fato de sempre querermos melhorar e evoluir. E, para
isso, temos que estar com o dedinho lá, produzindo e fazendo os arranjos.
- O trabalho conta ainda com
várias participações especiais, desde representantes do sertanejo de raiz até
nomes como Nando Reis. Como vocês pensaram essas participações e o que cada uma
delas agregou ao álbum?
- Leo - Todas as participações do
DVD foram muito verdadeiras. Temos uma admiração por todas elas e também uma
referência musical com cada.
- "Vida boa" e
"Lem casa" são duas músicas que representam bastante o estilo de vida
do interior, que muitas pessoas hoje nem conhecem de fato. Qual foi a
inspiração para criá-las?
- Victor - Em nossa própria
criação. Além destas canções, há outras que compus, como "Deus e eu no
sertão", que falam exatamente do que vivemos em nossa infância e
adolescência. Vira uma forma de passar a paz bucólica do interior para quem nos
ouve.
- A música de vocês atrai a todas
as idades. Vemos crianças cantando, por exemplo, "Borboletas" e
adultos indo aos shows. Ao que vocês atribuem essa pluralidade de público?
- Victor - Acredito que isso seja
o reflexo da diversidade de influências que temos, que vão desde a música
regional ao rock. Ao mesmo tempo, nossas letras são mais puras, de forma que
podem ser ouvidas e cantadas por crianças e pais.
- Há muitas "variações"
do sertanejo hoje. Para vocês, essa música ainda pode ser considerada
sertaneja?
- Victor - Acho que há um limite
nisso. Se uma canção ou um CD passam muito longe da essência, que vem do sertão
e das canções de raiz, pode ser que virem outra coisa. Há muita coisa chamada
de 'sertanejo' que do sertão nada possui. Mas acho que o importante é que os
artistas pratiquem seu melhor resultado musical e se prendam menos aos
modismos.
FONTE: TRIBUNA DE MINAS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário